Aldeia Sapukai saúda a formatura da primeira turma de Magistério Indígena do Estado do Rio de Janeiro

Fotografia: André Alonso

No dia 10 de julho de 2025, a formatura da primeira turma do Curso de Ensino Médio com Habilitação em Magistério Indígena do Estado do Rio de Janeiro reuniu no Colégio Indígena Estadual Guarani Karai Renda, na Aldeia Sapukai, lideranças indígenas, autoridades, convidados e equipes do Programa Escolas do Território - iniciativa do Instituto de Educação de Angra dos Reis da Universidade Federal Fluminense (IEAR/UFF) - para a entrega do certificado a 16 estudantes que concluíram o Curso realizado por meio de Acordo de Cooperação Técnica entre a Secretaria de Estado de Educação (Seeduc-RJ) e a UFF.

O dia de festa começou com o canto e a dança das crianças indígenas da aldeia localizada no município de Angra dos Reis/RJ. A música “Nhamandu Mirim” convidou o público a agradecer ao sol e alegrar-se pelo presente. 

O Cacique Algemiro da Silva Karai Mirim subiu ao palco emocionado e lembrou a história da conquista do Curso de Magistério Indígena. “Em 2001 vários caciques se reuniram e elaboraram esse sonho”. 

Julio Karai, liderança indígena representante da Comissão Guarani Yvyrupa (CGY);  Ivanildes Kerexu, liderança da aldeia Guarani Mbya Rio Bonito, pesquisadora do OTSS e integrante do Fórum de Comunidades Tradicionais (FCT); Tânia Borges, diretora pedagógica da Coordenadoria Regional Sul-Fluminense da Seeduc-RJ; e Claudio Benites, estudante formando e professor indígena, também subiram ao palco para compartilhar suas falas.“Eu desejo que as outras aldeias possam colher os frutos dessa mesma planta”, afirmou Cláudio.

"Nós indígenas nos formamos com a convivência com os mais velhos, a reverência à ancestralidade, e a educação escolar indígena vem para nos ensinar o Português e os conhecimentos dos juruá. Assim podemos nos fortalecer para a salvaguarda dos nossos modos de vida”, declarou Ivanildes Kerexu.

O professor Domingos Barros Nobre, coordenador pedagógico e professor do Curso, foi homenageado e lembrou o histórico de lutas e conquistas desde o início dos encontros de formação de professores Guarani. “Trabalhamos desde 1994 para viver esse momento importante e agora precisamos estruturar essa iniciativa como uma política pública estruturante, garantindo que professores indígenas estejam sempre nos espaços escolares”.

O grupo do Centro Cultural Senzala de Capoeira movimentou a roda com crianças e jovens indígenas que fazem parte do projeto. O encerramento da festa teve também a musicalidade da banda “Um Amô”. 

Fotografia: André Alonso

Sobre o Projeto Redes 

O OTSS e o FCT apoiaram desde o início a iniciativa do Magistério Indígena. A Educação Diferenciada é uma das bandeiras de luta em defesa da permanência dos povos e comunidades tradicionais em seus territórios.

O Projeto Redes (nova denominação do PEA Costa Verde) é uma condicionante do licenciamento ambiental federal, conduzido pelo Ibama, para a exploração de petróleo e gás natural da Petrobras na Bacia de Santos. Sua implementação ocorre no litoral norte de São Paulo e no litoral sul do Rio de Janeiro. A fase 2 é realizada em parceria com a Fiotec/Fiocruz por meio do OTSS - Observatório de Territórios Sustentáveis e Saudáveis da Bocaina (@otssbocaina), do FCT - Fórum de Comunidades Tradicionais (@forumdecomunidadestradicionais), da UFF e da Unesp. O OTSS e o FCT apoiaram desde o início  a iniciativa de realização do Curso de Magistério Indígena, por ser, a Educação Diferenciada nele oferecida, uma de suas bandeiras de luta em defesa da  permanência dos povos e comunidades tradicionais em seus territórios. 

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Reportagem: Débora Nobre Monteiro