Quilombolas, indígenas e caiçaras de Angra dos Reis, Paraty e Ubatuba integraram atividades de mais uma etapa do Fórum Ciência e Sociedade. Encontro ocorreu, em novembro, na Casa da Cultura de Paraty.
Um espaço para nossas juventudes debaterem saúde pública, comunicação, educação popular e novas estratégias contra as arboviroses: doenças causadas pelo chamado 'arbovírus', que incluem o vírus da dengue, zika vírus, febre chikungunya e febre amarela. Este foi o mote de mais uma edição do Fórum Ciência e Sociedade, que ocorreu, no dia 13 de novembro, na Casa da Cultura de Paraty (RJ).
Aberto ao público, o evento trouxe uma breve apresentação sobre o SUS, a estreia de um video documentário realizado por 23 jovens indígenas, caiçaras e quilombolas sobre as estratégias de promoção da saúde utilizadas pelas comunidades tradicionais da Bocaina e a apresentação do espetáculo teatral “Paulo Freire, o andarilho da utopia”, que narra a trajetória de um dos mais notáveis pensadores da educação.
A edição de Paraty do Fórum Ciência e Sociedade é uma parceria entre a Fiocruz, o Fórum de Comunidades Tradicionais (FCT) e o Observatório de Territórios Sustentáveis e Saudáveis da Bocaina (OTSS), com participação da Santa Casa de Ubatuba e das prefeituras municipais de Angra dos Reis, Paraty, Ubatuba e Franco da Rocha. A atividade integra também a “Pesquisa científica e tecnológica para inovação em educação e comunicação para a prevenção da zika e doenças correlatas nos territórios”, que é coordenada pela presidente da Fiocruz, Nísia Trindade, e desenvolvida pela Fiocruz Brasília, Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio (EPSJV/Fiocruz), Museu da Vida e OTSS.
Para acessar o video documentário produzido por 23 jovens indígenas, caiçaras e quilombolas especialmente para o Fórum Ciência e Sociedade - Edição Paraty, clique abaixo:
“Este é um projeto que nasce a partir de um edital do Ministério da Saúde, da Finep e do CNPQ voltado para uma emergência de saúde pública relacionada à questão das arboviroses. E o desafio deste edital foi o de desenvolver soluções inovadoras, motivo pelo qual optamos, em Paraty, por uma proposta que une comunicação e educação popular a partir do olhar e das experiências de juventudes das comunidades tradicionais da Bocaina em relação às arboviroses e à promoção da saúde”, destacou Mauro Gomes, pesquisador da Fiocruz e articulador institucional do OTSS.
A edição do Fórum Ciência e Sociedade em Paraty foi inteiramente construída com a participação do Fórum de Comunidades Tradicionais. “Para a gente é muito importante o protagonismo do Núcleo Jovem neste projeto. E o que os territórios tradicionais têm a ver com saúde? Tudo. Somos lugares promotores de conhecimento, de vida, e temos muito a contribuir com esse debate a partir das nossas práticas de promoção de territórios sustentáveis e saudáveis ao lado de nossos mestres, benzedeiras, erveiras e parteiras”, afirmou Vagner do Nascimento, coordenador geral do OTSS e do FCT.
Participaram do Fórum Ciência e Sociedade - Edição Paraty jovens dos quilombos do Bracuí, da Fazenda, do Campinho e da Caçandoca; das aldeias guarani Itaxi, Yakã Porã e Araponga; e das comunidades caiçaras da Praia da Almada, Praia do Bananal, Praia do Sono, São Gonçalo e Prumirim.
Módulo 1 trouxe oficina de formação em audiovisual e visita ao setor de Vigilância em Saúde de Paraty/RJ
Luz, câmera, ação! A edição de Paraty do Fórum Ciência e Sociedade (FSC) teve início no dia 21/10 na sede do OTSS. Nesta etapa, integrantes do Núcleo Jovem do FCT participaram de uma oficina de dois dias de formação em audiovisual para a produção de um video documentário sobre a promoção da saúde e o combate às arboviroses desde a perspectiva dos povos e comunidades tradicionais da Bocaina.
Em seguida, já com as câmeras em mãos, as juventudes se reuniram com gestores de saúde da Santa Casa de Ubatuba e das prefeituras de Paraty, Angra dos Reis, Ubatuba e Franco da Rocha e registrarem as estratégias utilizadas por estes municípios no combate às arboviroses. As rodas de conversa ocorreram na sede do OTSS e no setor de Vigilância em Saúde de Paraty/RJ.
“Esse é um encontro muito importante para nós. É uma oportunidade de receber outras experiências, e isso nos ajuda muito em nossas próprias ações. Aqui vimos que outras cidade como Angra e Ubatuba também estão enfrentando desafios muito parecidos com os nossos, e esse tipo de encontro nos ajuda a unir forças”, destacou Jorgiane de Castro, guarda-sanitário da Vigilância Ambiental de Paraty.
Ele também destacou o fato de a Costa Verde ter um ambiente especialmente favorável à proliferação das arboviroses, motivo pelo qual a prevenção deve ser especialmente reforçada. “Nosso clima quente e úmido favorece a proliferação dos mosquitos, temos muitas casas de veraneio que acabam desocupadas e a alta circulação de turistas também facilita a chegada de vírus por aqui”, explicou.
Módulo 2 teve mutirão agroecológico e visitas ao centro histórico e à periferia de Paraty
A segunda fase do projeto ocorreu entre os dias 30 de outubro e 1o de novembro. Com saídas de campo realizadas no Centro Histórico de Paraty, no Bairro Palmares e no Quilombo do Campinho, os participantes puderam conhecer e vivenciar as problemáticas das arboviroses na cidade, nas periferias e nas comunidades tradicionais. Um dos destaques desta fase foram as vivências com erveiras e erveiros sobre os saberes tradicionais em prevenção e promoção de saúde transmitidos por gerações pelos povos tradicionais da Costa Verde.
Outros destaques foram as rodas de conversa sobre o impacto trazido pela BR 101 à vida e à saúde das comunidades tradicionais, a oficina de preparados fitoterápicos ministrada pelo Fórum Itaboraí/Fiocruz Petrópolis e a visita ao “jardim medicina” do posto de saúde do bairro Pantanal, em Paraty, que já incorpora plantas medicinais dentro de um espaço público de saúde. As juventudes que integram o projeto também ergueram, na sede do OTSS, um canteiro de ervas medicinais com mais de 20 espécies já manejadas pelas comunidades tradicionais de Angra dos Reis, Paraty e Ubatuba.
"Estamos, desde o início, mobilizando a juventude para participar e construir junto esse Fórum com o apoio da Fiocruz e do FCT. E temos uma expectativa muito grande porque mostraremos como é importante saber tanto sobre o combate das arboviroses como também sobre os saberes das comunidades tradicionais em relação às ervas e todas as suas estratégias de promoção da saúde”, afirmou Fabiana Ramos, quilombola do Bracuí, pesquisadora comunitária do OTSS e integrante do Núcleo Jovem do FCT.
Módulo 3 trouxe edição de vídeo documentário e evento aberto ao público
Por fim, no módulo 3, os jovens comunicadores fizeram a edição do material capturado ao longo de todo o percurso para exibição no Fórum Ciência e Sociedade, que ocorreu no dia 13 de novembro, na Casa de Cultura de Paraty/RJ. Nesse dia, um representante da Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio, da Fiocruz, apresentou também o Curso de Vigilância Popular em Saúde programado para ocorrer na cidade de Paraty, em 2020, com a participação de comunitários e profissionais de saúde. Um representante do Museu da Vida, da Fiocruz, falou também sobre uma exposição sobre a dengue que ocorrerá em Paraty em 2020.
Programação Fórum Ciência e Sociedade / Edição Paraty
Casa da Cultura de Paraty / 13 de novembro
- 8h30 - Mística de acolhimento
- 9h - Apresentação sobre o SUS
- 9h30 - Roda de conversa
Fiocruz
Museu da Vida
Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio
- 10h30 - Lançamento de video documentário sobre arboviroses produzido pelo Núcleo Jovem do Fórum de Comunidades Tradicionais + Roda de Conversa
- 12h30 - Almoço
- 14h - Espetáculo teatral "Paulo Freire, o Andarilho da Utopia" + roda de debate sobre Saúde e Educação Popular
- 15h30 - Debate
- 17h - Encerramento
Fotos: Eduardo di Napoli, Vinicius Carvalho e Lohan Santos / Comunicação OTSS/FCT
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