Concebido para quem trabalha na relação entre saúde e agroecologia no contexto de povos e comunidades tradicionais, curso reúne textos, podcasts e videoaulas gravadas com pesquisadores acadêmicos e mestras e mestres do saber tradicional em agroecologia.

Já está no ar o conteúdo do “Curso Saúde em Territórios Tradicionais: Tecnologias Sociais em Agroecologia”. Resultado de uma parceria entre a Escola Nacional de Saúde Pública Sérgio Arouca (ENSP/Fiocruz) e o Observatório de Territórios Sustentáveis e Saudáveis da Bocaina (OTSS), uma aliança entre a Fiocruz e o Fórum de Comunidades Tradicionais (FCT), o material do curso pode ser acessado por meio do link https://ensino.ensp.fiocruz.br/TSA/ .
Em sua primeira edição, realizada entre setembro e dezembro de 2022, o curso ofereceu 90 vagas com duração total de 100 horas divididas em quatro módulos à distância e um momento presencial ao final, realizado na sede do OTSS, em Paraty (RJ). Durante o momento presencial, com duração de 5 dias (30 horas), os alunos participaram de visitas técnicas guiadas, aulas práticas e de mutirão para a reaplicação de tecnologias sociais de agroecologia considerando as metodologias desenvolvidas no contexto de comunidades tradicionais.
Já os conteúdos programáticos, as reflexões críticas e os exercícios do curso seguiram um ciclo de aprendizagem composto por quatro módulos abordados de maneira articulada. São eles: Determinação social da saúde, políticas intersetoriais e promoção da saúde; Saúde na Agenda de Desenvolvimento Sustentável; Territórios Sustentáveis e Saudáveis; e Tecnologias sociais para a promoção da vida.
“Para nós, da Fiocruz, é um material muito importante. Ele está dividido em quatro módulos, foi construído a muitas mãos, junto com as comunidades tradicionais, e traz temas relevantes como determinantes sociais da saúde vinculadas à agroecologia e também as práticas tradicionais que estão vinculadas à construção agroecológica”, explica Sidélia Silva, Coordenadora da Incubadora de Tecnologias Sociais do OTSS.
Fortalecendo a agenda de saúde e agroecologia na Fiocruz
A Vice Presidência de Ambiente, Atenção e Promoção da Saúde da Fiocruz (Vpaaps) também participou ativamente do curso. “A Vpaaps é responsável por assessorar a Presidência em todas as iniciativas institucionais da Fiocruz no tema da agroecologia. Então trazer esse olhar contribui para levar a agenda de saúde e agroecologia para dentro de toda a instituição”, explica Natália Almeida, pesquisadora da Vpaaps que contribuiu com a elaboração dos módulos do curso.
Segundo ela, a iniciativa se alinha diretamente ao segundo eixo da agenda de saúde e agroecologia na Fiocruz, que é ‘Saberes e Práticas: educação, inovações, produção e divulgação do conhecimento popular e técnico-científico’. "Nesse eixo da agenda estão concentradas as iniciativas de formação, internas e externas, relacionadas à agroecologia. E este curso, que é o primeiro da Ensp dedicado ao tema, se insere num conjunto de articulações que a Fiocruz vem fazendo para incidir e articular a saúde e a agroecologia em territórios de povos e comunidades tradicionais como uma expressão de um processo de articulação inter-unidades que reconhece e aprende com os saberes e práticas já existentes em vários territórios em todo o Brasil", completa.
Entre outras ações da instituição que podem se beneficiar do curso, ela cita o Projeto Ará. Dedicado ao "Desenvolvimento Sustentável e Promoção da Saúde em populações vulnerabilizadas de agricultura familiar e de povos e comunidades tradicionais rurais e urbanos no contexto da Covid-19”, o projeto envolve, de forma direta, um público de 700 pessoas de 38 comunidades em três regiões do Rio de Janeiro e em Ubatuba, em São Paulo, incentivando a incorporação de tecnologias sociais, a geração de trabalho e renda, a organização comunitária e a segurança alimentar e nutricional das famílias.
Planejam e coordenam ações nos territórios onde atuam, em diálogo com as comunidades, o Fórum Itaboraí: Política, Ciência e Cultura na Saúde (Fiocruz Petrópolis), o Programa de Desenvolvimento do Campus Fiocruz Mata Atlântica e o Observatório de Territórios Sustentáveis e Saudáveis da Bocaina (Programa Bocaina), organização que promove o curso ao lado da Ensp. A Vice-Presidência de Ambiente, Atenção e Promoção da Saúde (VPAAPS) coordena o projeto que reúne os diferentes programas, já buscando criar um ambiente de gestão, monitoramento, produção de conhecimentos e comunicação de forma compartilhada entre as ações.
Sobre o OTSS
Criado em 2009 a partir de uma parceria entre a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e o Fórum de Comunidades Tradicionais (FCT), o Observatório de Territórios Sustentáveis e Saudáveis da Bocaina (OTSS) é um espaço tecnopolítico de geração de conhecimento crítico, a partir do diálogo entre saber tradicional e científico, para o desenvolvimento de estratégias que promovam sustentabilidade, saúde e direitos para o bem viver das comunidades tradicionais em seus territórios.
Sob a coordenação da Vice-Presidência de Ambiente, Atenção e Promoção da Saúde da Fiocruz (VPAAPS) e com o apoio da Fundação para o Desenvolvimento Científico e Tecnológico em Saúde (Fiotec), atua em territórios indígenas, quilombolas e caiçaras de Mangaratiba, Angra dos Reis, Paraty, Ubatuba, São Sebastião, Caraguatatuba e Ilhabela nas áreas de saneamento ecológico, agroecologia, turismo de base comunitária (TBC), promoção da saúde, educação diferenciada, justiça socioambiental, cartografia social, incubação de tecnologias sociais e monitoramento territorializado da Agenda 2030.
Para saber mais sobre o OTSS, acesse: www.otss.org.br.
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