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Seminário OTSS: Fiocruz e Fórum de Comunidades Tradicionais reafirmam compromisso para promoção de Territórios Sustentáveis e Saudáveis

  • Foto do escritor: Débora Monteiro
    Débora Monteiro
  • 15 de jul.
  • 5 min de leitura

Atualizado: 18 de jul.

Fotografia: Eduardo Di Napoli
Fotografia: Eduardo Di Napoli

Criado em 2009 pela Fiocruz e pelo Fórum de Comunidades Tradicionais (FCT) como um espaço tecnopolítico de geração de conhecimento crítico para o desenvolvimento de estratégias que promovam saúde, sustentabilidade e direitos para o bem viver das comunidades tradicionais em seus territórios, o Observatório de Territórios Sustentáveis e Saudáveis da Bocaina (OTSS) reuniu em Paraty (RJ), entre os dias 01 e 03 de julho, mais de 250 colaboradores e parceiros para o I Seminário de Integração do OTSS. O objetivo foi integrar a equipe e reafirmar o compromisso de ambas as instituições para a promoção territorializada da saúde e do desenvolvimento sustentável a partir do diálogo entre saber tradicional e científico. 


“Atuamos a partir do conceito de determinação social da saúde, que reconhece como fundamentais as condições sociais, econômicas, culturais, ambientais e políticas para a determinação da saúde e do bem viver. Portanto, nossa missão não é apenas prevenir doenças, mas promover Territórios Sustentáveis e Saudáveis geradores de saúde e de vida”, explicou Edmundo Gallo, Coordenador Geral do OTSS e Pesquisador Titular vinculado à Vice-presidência de Ambiente, Atenção e Promoção da Saúde da Fiocruz (VPAAPS).



Além de colaboradores da Fiocruz e do FCT, participaram do seminário parceiras e parceiros da Coordenação Nacional de Comunidades Negras e Rurais Quilombolas (CONAQ), Comissão Guarani Yvyrupa (CGY), Coordenação Nacional de Comunidades Tradicionais Caiçaras (CNCTC), Fórum de PCTs do Vale do Ribeira, UFF/IEAR, UFRJ, Unesp, Unicamp, Colégio Pedro II, Ong Verde Cidadania, Ong Serrapilheira, Embrapa Solos, Petrobras, Fundação Florestal,  Ministério da Igualdade Racial, Ministério Público, Defensorias Públicas de São Paulo e Rio de Janeiro e Iphan.

 

“Somos do movimento social de comunidades tradicionais, que tem seus princípios e formas de se organizar, de se autoidentificar e lutar por seus direitos. E a Fiocruz é uma instituição pública que trabalha focada na saúde e na pesquisa científica. Então temos diferenças, e nosso desafio é trabalhar essas diferenças e avançar naquilo que nos une, que é a busca de soluções tecnológicas para o desenvolvimento sustentável e que possibilitem a permanência das comunidades tradicionais em seus territórios”, completou Vagner do Nascimento, coordenador do Fórum de Comunidades Tradicionais que também integra a Coordenação Geral do OTSS. 


Sobre o Seminário 


O Seminário de Integração do OTSS foi organizado a partir de uma tríade do tempo. No primeiro dia (01/07) os participantes se dedicaram ao passado, no segundo dia (02/07) ao presente e no terceiro dia (03/07) ao futuro do Observatório. A abertura trouxe como convidada a célebre Mestra Benedita Martins, que compartilhou com os participantes suas bênçãos, rezas e ervas medicinais. 

A Mestra Benedita Martins participou da abertura do I Seminário de Integração do OTSS (julho/2025) Fotografia: Eduardo Di Napoli
A Mestra Benedita Martins participou da abertura do I Seminário de Integração do OTSS (julho/2025) Fotografia: Eduardo Di Napoli

Um dos principais objetivos do encontro foi partilhar com equipe e parceiros os quatro eixos temáticos que passam orientar a ação do OTSS para a promoção territorializada da saúde e do desenvolvimento sustentável: Governança Viva, Justiça Socioambiental, Educação Emancipatória e Economia Solidária. Cada novo eixo temático do OTSS contou no Seminário com uma instalação artístico-pedagógica para explicar a relação de cada tema com a promoção da saúde e as principais ações em curso e planejadas junto aos territórios.  


A ocasião também serviu para diversos anúncios que indicam o fortalecimento do diálogo entre saber tradicional e científico a partir da parceria entre Fiocruz e FCT. Entre eles, foram apresentados o novo site do OTSS e o Relatório Final do I Encontro Internacional de Territórios e Saberes, que mobilizou em Paraty (RJ), em setembro de 2024, mais de 2 mil participantes representando 28 países dos cinco continentes. 


Também foram anunciadas a assinatura de um novo acordo de cooperação entre o OTSS e e o Ministério da Gestão e Inovação (MGI) e a celebração de nova parceria entre o Observatório e o Colégio Pedro II para fortalecer áreas como educação diferenciada e defesa do território. Além disso, foram anunciadas a construção de um novo termo de cooperação com a Prefeitura de Paraty e a iminente assinatura de um convênio com a Petrobras, com acompanhamento do Ibama, para a implementação de Projetos Territorializados de Aprendizagem (PTAs) junto a territórios tradicionais com os quais o OTSS atua.  

“O Observatório tem uma importância muito grande para a Fiocruz porque nos dá bons exemplos de construção de uma política voltada para a questão da sustentabilidade de territórios em diálogo com as populações locais. Aprendemos muito com nossos parceiros e com as populações quilombolas, indígenas caiçaras que existem nesse território”, celebrou Valcler Rangel, Vice-presidente de Ambiente, Atenção e Promoção da Saúde da Fiocruz (VPAAPS).

A parceria também foi comemorada por Ivanildes Kerechu, liderança da aldeia Guarani Mbya Rio Bonito que também integra o OTSS, o FCT e a coordenação Tenondé da CGY, principal organização de representação dos povos guarani no sul e sudeste do Brasil. “A história do FCT começou em espaços de encontro abertos, conversando embaixo das árvores, nos terreiros. E agora a nossa luta e a nossa voz já não estão mais sozinhas nos territórios, estamos alcançando o Brasil e o mundo, graças à essência do OTSS, que preserva a coletividade, acolhendo e multiplicando o conhecimento”, destacou.


Fotografia: Eduardo Di Napoli
Fotografia: Eduardo Di Napoli

Sustentabilidade e participação


Sendo coerente com sua história, o Seminário de Integração do OTSS contou com forte protagonismo comunitário e atenção especial à sustentabilidade, incluindo a devida compostagem de 916 kg de resíduos orgânicos e a destinação de 115 kg de material reciclável para a Cooperativa de Catadoras e Catadores de Paraty. 


Além disso, o encontro contou com uma grande variedade de intervenções protagonizadas pelas próprias comunidades. A primeira noite foi conduzida pelo Mestre Pardinho e a “Concantar - Confraria de Cantadores de Tarituba”. Nos dias seguintes, destaque para a Dança do Tangará, trazida pelo Coral Guarani Xondaro Mirim Mborai de Ubatuba (SP); para o Bloco Afro do Quilombo do Campinho de Paraty (RJ); para o Coletivo Cozinha das Tradições do FCT, responsável por toda a alimentação do evento; e para o Núcleo Jovem do Fórum de Comunidades Tradicionais, responsável pela sistematização e fechamento do Seminário.  



“Nós queremos deixar esse lugar sagrado como legado para as futuras gerações, e aqui nos territórios fazemos isso pensando a educação diferenciada, o turismo de base comunitária, a pesca artesanal, a gastronomia local, trabalhando projetos para garantir a autonomia dos povos e comunidades tradicionais. Lutamos para garantir nossas tecnologias sociais para manejar os usos da terra e do mar. Se eu quero pescar onde meu avô pescou, preciso lutar, se quero vivenciar a ciranda, tenho que lutar”, destacou Ronaldo do Santos, ex-colaborador do OTSS que ocupa hoje o posto de Secretário de Políticas para Quilombolas, Povos e Comunidades Tradicionais de Matriz Africana, Povos de Terreiro e Ciganos do Ministério da Igualdade Racial (MIR).

Fotografia: Thai
Fotografia: Thai

Sobre o OTSS


Com uma equipe que integra hoje cerca de 230 colaboradores, dos quais 156 são mulheres e 76 são pesquisadores comunitários, o OTSS é um programa institucional da Vice-Presidência de Ambiente, Atenção e Promoção da Saúde (VPAAPS/Fiocruz) realizado em parceria com o Fórum de Comunidades Tradicionais. Ele atua nos municípios de Mangaratiba. Angra dos Reis e Paraty, no litoral sul do Rio de Janeiro, e de Ubatuba, Caraguatatuba, São Sebastião e Ilhabela, no litoral norte de São Paulo. 


Entre outros reconhecimentos, o OTSS foi premiado pelo 27° Concurso Nacional de Inovação no Setor Público na categoria “Inovação em serviços ou políticas públicas no Poder Executivo Federal, teve sua experiência reconhecida como “Investimento transformador” pela plataforma Big Push da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe da ONU (CEPAL) e foi apontado como uma das 10 soluções mais inovadoras de 2021 para a implementação da Agenda 2030 no Brasil pelo Grupo de Trabalho da Sociedade Civil para a Agenda 2030. 


Para saber mais, acesse www.otss.org.br 


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Reportagem: Vinicius Carvalho


 
 
 

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