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Sistemas agroecológicos avançam no Quilombo do Campinho em Paraty (RJ)

Em parceria com outros territórios e a Frente de Agroecologia da Incubadora de Tecnologias Sociais do OTSS, a comunidade do Quilombo do Campinho da Independência investe em mutirões para o manejo agroecológico da produção em seus roçados tradicionais.


Mutirão no Quilombo do Campinho em Paraty (RJ)
Mutirão no Quilombo do Campinho em Paraty (RJ)

A construção dos processos e sistemas agroecológicos do Quilombo do Campinho em Paraty (RJ) é um trabalho que acontece há mais de dez anos, protagonizado pela comunidade e articulado com uma rede de parcerias que permitiu avançar e consolidar experiências agroecológicas no Quilombo e partilhar estas experiências com, comunidades vizinhas na região e fora dela. Nesses lugares, as roças e suas diversas formas de manejo e organização é feita com a junção do saber tradicional e de novos saberes e trocas entre ciência e outros conhecimentos incorporados com o passar do tempo.


Um dos trabalhos que a Incubadora de Tecnologias Sociais do OTSS vem realizando dentro da Frente de Agroecologia é a construção e o desenvolvimento participativo de Planos Agroecológicos Territorializados com as famílias agricultoras e as organizações comunitárias, onde propostas, perspectivas e ações diversas são planejadas, pactuadas, implantadas e delimitadas pelas comunidades, OTSS e outros parceiros para avançar na consolidação da agroecologia em cada território.

“Em 2002 plantamos essa área, na época roçamos, era capim e plantamos essas mudas. Já colhemos feijão, milho, colhemos o que plantamos, e quando essa matéria foi saindo, o palmito foi bombando. Depois entramos com as mudas de juçara", conta Sr. Álvaro do Campinho

Em 2021, após a pandemia o investimento coletivo da diretoria da AMOQC e famílias agricultoras no objetivo de manejar com práticas agroecológicas seus roçados tradicionais em mutirão, a começar pelo mutirão de podas na primeira área de experimentação de sistemas agroflorestais implantados em Paraty (RJ) há mais de dez anos na área das família dr Dona Dalva e seu Álvaro, Seu Domingos e Dona Emília.


“O Manejo Agroecológico das áreas produtivas do Campinho é uma das cinco linhas temáticas priorizadas e sistematizadas no Plano Agroecológico Territorializado do Campinho. Os Planos Agroecológicos Territorializados, ferramenta proposta e experimentada com a diretoria da AMOQC pela frente de Agroecologia da Incubadora, prevê a partir da leitura conjunta da realidade do resgate da trajetória da agricultura, contexto, desafios e oportunidades, estabelecer prioridades, planejamento, monitoramento e avaliação de ações a serem desenvolvidas na parceria estabelecida entre as comunidades e o OTSS na perspectiva do desenvolvimento de territórios sustentáveis e saudáveis por meio da agroecologia. No caso do Campinho cinco foram os eixos temáticos prioritários a serem desenvolvidos no Plano Agroecológico: a comercialização, o manejo agroecológico dos sistemas produtivos tradicionais, o beneficiamento, a soberania e segurança alimentar e nutricional e a formação” comenta Luana Carvalho Silva, assessora da Frente de Agroecologia da Incubadora


Segundo ela, na retomada das ações presenciais no Campinho após a reabertura da comunidade foi realizado balanço do Plano Agroecológico iniciado em 2019 e revisadas prioridades de ações para cada um dos cinco eixos. Sendo a retomada dos mutirões uma das ações priorizadas para o eixo manejo agroecológico dos sistemas produtivos tradicionais.

“Nós do OTSS temos apoiado os mutirões com a mobilização e troca de saberes; mobilização de outras experiencias e comunidades, disponibilização de insumos e ferramentas, alimentação, deslocamentos e a participação da equipe e de assessorias específicas, contribuindo com a liga dos processos!, ", compartilha Luana.



Manejo e mutirões agroecológicos


"O mutirão foi organizado pela Associação de Moradores do Quilombo do Campinho (Amocq) juntamente com o coletivo de agricultores e com o apoio do OTSS por meio da Incubadora. O momento do mutirão é muito importante pra gente primeiramente porque nós, juntos colocando a mão na massa, é quando todo mundo se junta e há troca de conhecimento, de áreas diferentes, de formas diferentes de plantar", pontua Danielle Elias Santos, vice-presidente da Amoqc. Ela afirma também que o momento de mutirão é uma possibilidade de trabalhar aquilo que é ensinado pelos mais velhos e mais velhas e que nesses encontros, passado por meio das gerações.


"Dentro do eixo de manejo das áreas, tem várias estratégias e uma delas era resgatar o trabalho de mutirão. O Sr. Álvaro, agricultor e mestre do quilombo do Campinho tinha uma demanda grande de um sistema agroflorestal implantado em 2002, um dos primeiros de Paraty na interação com estudantes da UFRuralRJ e outros parceiros que precisava de renovação e entrada de luz neste sistema rico em diversidade que é a área. Aproveitamos então para convidar outras comunidades, famílias agricultoras e juventudes do Campinho para refletir sobre a demanda de manejo e renovação dos sistemas por meio de poda”, conta Luana.


Segundo ela, foram convidados os agricultores do Ubatumirim (Ubatuba) para dialogar e fazer as podas, além de terem participado agricultoras e agricultores de outras comunidades de Paraty. São previstos até o fim do ano ao menos um mutirão por mês organizados pela AMOQC e apoiados pelo OTSS e outros parceiros.






Texto: Vanessa Cancian Silva/ Comunicação OTSS

Fotos: Eduardo Napoli/ Comunicação OTSS

Edição: Vinícius Carvalho/ Comunicação OTSS




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