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Saneamento Ecológico da Praia do Sono finaliza mais uma etapa

Atualizado: 16 de nov. de 2018

Com diferentes tecnologias, dez módulos do Saneamento Ecológico da Praia do Sono são concluídos

A iniciativa é fruto de uma parceria do Observatório de Territórios Sustentáveis e Saudáveis da Bocaina (OTSS) junto ao Fórum de Comunidades Tradicionais (FCT), Fiocruz, Funasa e Prefeitura Municipal de Paraty. Implementado gradativamente na comunidade caiçara da Praia do Sono, atualmente o projeto de Saneamento Ecológico, que desenvolveu uma tecnologia social para a construção de tanques de evapotranspiração, encontra-se na etapa de finalização das obras previstas.


“Saneamento é saúde. Quando eu vi pela primeira vez o Saneamento Ecológico e conheci a permacultura, tive consciência de que eu tinha que tratar o esgoto produzido na minha casa”, pontua Francisco Xavier, caiçara do Pouso da Cajaíba, conhecido como Ticote. Ele criou o Ipeca – Instituto de Permacultura em Educação Caiçara e integra a equipe do Saneamento Ecológico do OTSS.

“O projeto do Saneamento Ecológico na Praia do Sono pode ser uma semente que se espalhará para as outras comunidades. Nosso intuito é conseguir construir um projeto piloto que possa ser replicado”, destaca Gustavo Machado, coordenador do projeto e integrante da equipe do OTSS. Segundo ele, replicar o projeto de saneamento em outras comunidades da Costa Verde e de outras localidades é uma forma de multiplicar esse conhecimento e promover o desenvolvimento sustentável dos territórios.


“Por meio da ecologia de saberes, comunitários e órgãos públicos trabalharam de forma integrada neste processo. A participação da comunidade se deu por meio de planejamentos participativos feitos em reuniões abertas e também através de aulas de educomunicação ambiental ministradas pelo OTSS na escola da comunidade”, explica Gustavo Machado. Os construtores, todos comunitários da Praia do Sono, foram envolvidos com o projeto e contratados diretamente pelo OTSS na primeira etapa das obras e pela Prefeitura de Paraty nesta última. “Isso fez com que eles se tornassem mobilizadores sociais, ou seja, eles conhecem a tecnologia e podem replicá-la em outros lugares. Daí a importância do processo ser construído junto com a comunidade”, finaliza.


Tecnologia social que permanece no território

“Com esse tipo de construção a gente aproveita tudo. Usamos a terra que cavamos, as pedras que encontramos, tudo é aproveitado. O próprio barro que tiramos do buraco usamos para fazer as paredes da fossa”, conta Reginaldo dos Santos Araujo, construtor e caiçara da Praia do Sono. Ele relata que a equipe de construção quer fazer esse tipo de saneamento em suas próprias casas e multiplicar o conhecimento pela comunidade.


“Bananeira e barro, tudo o que a gente tem aqui”, lembra Reginaldo sobre as matérias-primas principais utilizadas por eles nas construções. Depois de mais de três anos de projeto, o Saneamento Ecológico e suas tecnologias de construção vão sendo multiplicados dentro da comunidade que, acompanhada pelos técnicos do projeto, trabalhou com conceitos da permacultura e da bioconstrução em cada uma das obras.


“Eu acredito que todos precisam ter essa fossa em casa, porque ela realmente funciona. Só é preciso entender a forma de fazer a manutenção”, conta Ronaldo dos Santos de Araujo, caiçara e construtor que também integra a equipe do Saneamento Ecológico. “Sinto que agora que já aprendemos a construir, nós mesmos vamos nos resolvendo, tomando as atitudes necessárias para cada obra e dando soluções para as coisas que acontecem”, completa Ronaldo, demonstrando a autonomia criada no processo de formação dos construtores.


“Sobre a tecnologia em si, acreditamos que a comunidade esteja aderindo aos poucos e eu vejo que não é uma questão somente da Praia do Sono, mas também de outras comunidades. O processo de mudança é lento mas está acontecendo”, finaliza Ticote.



Texto: Comunicação Popular FCT - Vanessa Cancian

Fotos: Comunicação Popular FCT - Eduardo Napoli Editoração Eletrônica: Comunicação Popular FCT - Eduardo Napoli 

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