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Curso de saneamento em territórios tradicionais realiza módulo presencial em Paraty

Realizada em diversos territórios de Paraty (RJ), a etapa presencial permitiu que os participantes colocassem a mão na massa para aprender mais sobre tecnologias sociais em saneamento no contexto de povos e comunidades tradicionais.

O curso teve sua etapa prática concluída na última sexta-feira

O "Curso Saúde em Territórios Tradicionais: Tecnologias Sociais em Saneamento” é fruto de uma parceria entre a Escola Nacional de Saúde Pública Sérgio Arouca (ENSP/Fiocruz) e o Observatório de Territórios Sustentáveis e Saudáveis da Bocaina (OTSS), uma aliança entre a Fiocruz e o Fórum de Comunidades Tradicionais de Angra dos Reis, Paraty e Ubatuba (FCT).


Essa formação, cuja parte virtual teve início em agosto de 2021, teve sua parte presencial realizada no Quilombo do Campinho, entre os dias 20 e 24 de setembro, respeitando os protocolos de segurança contra a Covid-19. Durante a atividade, os participantes puderam, entre outras ações, contribuir para a construção de um biossistema em apoio ao saneamento do Restaurante do Campinho, principal empreendimento comunitário do quilombo.


“Tivemos, no território, a presença de dez alunos. Exigimos que todos viessem com as duas doses da vacina e apresentassem também um teste negativo para a Covid 19”, explica Tito Cals, integrante da Incubadora de Tecnologias Sociais do OTSS na área do saneamento ecológico. Ele relata também que, nos momentos de discussão realizados no espaço do OTSS e na Casa da Cultura, foram feitas transmissão ao vivo para os demais participantes do curso que não puderam participar presencialmente.


Percurso


No primeiro dia em Paraty, os participantes do curso fizeram um tour pelo centro histórico. Neste momento, puderam conhecer mais sobre a história da cidade e de seu saneamento com o apoio de um guia local e também puderam aprender mais com o Paulinho Silva, do Departamento de Águas e Esgoto (DAE) da prefeitura de Paraty.


A construção do biodigestor no Restaurante do Quilombo do Campinho fez parte da programação do curso
A construção do biodigestor no Restaurante do Quilombo do Campinho fez parte da programação do curso

“Também apoiamos os alunos na elaboração dos chamados Planos de Ação de Implementação de Tecnologia Social (PAITS), que são os trabalhos finais do curso. Estes trabalhos tiveram como objetivo principal construir propostas efetivas, que pudessem ser aplicadas no mundo real, abrangendo aspectos técnicos de saneamento ecológico, processos de mobilização dos atores sociais, realização de diagnósticos e definição de orçamentos para sua realização, entre outros pontos”, relata Tito.


Além da atividade presencial no Quilombo do Campinho, os participantes visitaram a ilha do Cedro, onde conheceram tecnologias sociais como o filtro de águas cinzas e a captação de água da chuva, e participaram de debates com construtores comunitários e lideranças do Fórum de Comunidades Tradicionais (FCT) diretamente engajados na promoção do saneamento ecológico na região da Bocaina.

O aprendizado na prática


“Para mim, que já me formei e atuo no saneamento há um bom tempo, o curso é uma oportunidade de rever conceitos e repensar formas de atuar visando atender melhor às necessidades das comunidades tradicionais e populações dispersas. A programação do curso permitia conhecer tecnologias aplicáveis às comunidades que ainda carecem de serviços de saneamento, pensar sobre as tecnologias mais adequadas a cada situação e trocar experiências com pessoas de outros locais, com realidades diferentes da nossa”, comenta Alexandra Costa, analista de Infraestrutura e Saneamento da Fundação Nacional de Saúde (Funasa).



“Dado esse turbilhão de ideias que acumulamos nesses dias, e apesar do momento difícil da pandemia que vivemos hoje, conseguimos realizar um momento prático e presencial. Cabe meu enaltecimento ao pessoal que organizou esse momento dentro desse cenário, todo o trabalho que eles fizeram foi incrível. Não poderia ter sido melhor, visto que se trata de uma turma inaugural”, partilha Breno Mil Homens, cientista ambiental e co-empreendedor do Laboratório Vivo.


Breno compartilha também a ideia de que é no momento presencial que os processos se concretizam. “Chegar na obra que está sendo feita, como vimos no Campinho, encontrar com as pessoas, todos aqueles que fazem parte desse processo. É incrível poder estar na presença dessas pessoas, são pessoas que, se você não está presente nos territórios, essas trocas não acontecem. E, durante esse momento presencial, essas trocas são muito intensas, as conversas e trocas continuam após as atividades e o aprendizado não para. A gente fica cansado, mas não de desgaste, e sim de tanto conhecimento e da necessidade que há de trocar, debater e chegar o mais perto possível do nosso objetivo, que é promover o saneamento ecológico para quem realmente precisa.”, finaliza.


Próximos passos


Em modelo que combina módulos virtuais e presenciais, a primeira turma do “Curso Saúde em Territórios Tradicionais: Tecnologias Sociais em Saneamento” mobilizou, entre agosto e setembro, mais de 40 participantes entre profissionais do SUS, construtores comunitários e representantes de organizações ligadas ao saneamento.


As datas de início da próxima turma será divulgada aqui nas nossas redes OTSS e terá como desafio prático apoiar a construção de banheiros ecológicos na aldeia gurani mbya de Itaxi, também em Paraty. O curso, com 140 horas/aula, é financiado por meio de emenda parlamentar destinada ao território pela deputada Benedita da Silva (PT-RJ).



Texto: Vanessa Cancian Silva/Comunicação OTSS

Fotos: Tiê Passos/ Comunicação OTSS

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