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Fiocruz e FCT definem prioridades do OTSS para 2020


Planejamento anual do Observatório de Territórios Sustentáveis e Saudáveis da Bocaina
Planejamento anual do Observatório de Territórios Sustentáveis e Saudáveis da Bocaina

Planejamento anual do Observatório de Territórios Sustentáveis e Saudáveis da Bocaina definiu cinco prioridades para este ano: formalizar institucionalmente o OTSS, consolidar a ação territorial integrada, implementar a avaliação da Agenda 2030, consolidar a incubadora e ampliar a cooperação internacional do Observatório com o protagonismo de povos e comunidades tradicionais.


Criado a partir de uma parceria entre a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e o Fórum de Comunidades Tradicionais de Angra dos Reis, Paraty e Ubatuba (FCT), o Observatório de Territórios Sustentáveis e Saudáveis da Bocaina (OTSS) é um espaço tecnopolítico de geração de conhecimento crítico, a partir do diálogo entre saber tradicional e científico, para o desenvolvimento de estratégias que promovam sustentabilidade, saúde e direitos para o bem viver das comunidades tradicionais em seus territórios.


Vagner Nascimento, Coordenador do FCT e um dos coordenadores gerais do OTSS
Vagner Nascimento, Coordenador do FCT e um dos coordenadores gerais do OTSS

Nesta entrevista, Vagner Nascimento, Coordenador do FCT e um dos coordenadores gerais do OTSS, fala sobre as estratégias do projeto para o ano de 2020 e destaca a importância da união entre a Fiocruz e o FCT para a promoção de territórios sustentáveis e saudáveis no contexto dos povos e comunidades tradicionais da Bocaina.


O OTSS é resultado da união entre uma instituição de ciência e uma organização que representa povos e comunidades tradicionais. Qual a importância deste tipo de encontro hoje?


Os movimentos sociais têm suas bandeiras de luta. No caso do Fórum de Comunidades Tradicionais, a principal é a defesa de seus territórios e da sustentabilidade dos povos tradicionais de Angra dos Reis, Paraty e Ubatuba. Esse encontro com a Fiocruz é importantíssimo porque vem qualificar as agendas do movimento e propor um modelo de sustentabilidade e saúde para esse território com base em pautas que partem das próprias comunidades em áreas como agroecologia, saneamento ecológico, educação diferenciada, turismo de base comunitária e justiça socioambiental. Entendemos que cuidar desse território é importante para construirmos um modelo de desenvolvimento contra hegemônico para essa região. Por isso fazemos pesquisa e olhamos para o território em busca do bem viver.


Qual balanço você faz das atividades do OTSS em 2019?


Em 2019 começamos um projeto de caracterização de 64 territórios de comunidades tradicionais. Também trabalhamos nossas agendas estratégicas e conseguimos avançar em um projeto territorializado para dentro dessas comunidades. Construímos um curso de pós graduação em gestão de territórios e saberes em parceria com a UFF e a APA Cairuçu, expandimos nossa cooperação internacional com as universidades de Coimbra e Paris 8 e também integramos o GT oficial que levou Paraty e Ilha Grande ao título do Patrimônio Mundial da UNESCO, entre outras conquistas importantes em defesa dos territórios tradicionais da Bocaina.


Um dos focos de ação definidos pelo planejamento do OTSS para 2020 é consolidar a incubadora. Por quê?


A incubadora é uma área que, desde o início das nossas ações, vem se fortalecendo. Agora queremos estar mais focados nas ações finalísticas da agroecologia, do turismo de base comunitária e do saneamento ecológico para dentro das comunidades tradicionais, dialogando com o princípio do bem-viver e trazendo a questão da economia solidária para dentro desse debate.


Outra prioridade definida para o ano é avançar na avaliação territorializada da Agenda 2030 da ONU. Por quê?


É muito importante caminharmos nessa agenda dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU (ODS) em diálogo com nossos territórios tradicionais. Para isso, precisamos medir, através do olhar da saúde, a qualidade de vida das comunidades tradicionais e monitorar isso para ver o impacto das nossas ações aqui no território. Queremos medir os avanços das nossas ações efetivas na região, e nada melhor do que partir de um instrumento importante como a Agenda 2030.


Qual, afinal, a importância desta agenda para o território?


Essa agenda é extremamente importante porque esses mecanismos são usados sempre, e poucas vezes têm o olhar sobre as especificidades de como as comunidades tradicionais veem seu próprio desenvolvimento. A questão do que é riqueza e pobreza, por exemplo. Quando olhamos para as formas convencionais de medir isso, nós, das comunidades, não somos enquadrados porque, para nós, a riqueza não está relacionada só com dinheiro e depende de outros elementos como questões sagradas, água, sementes crioulas. Por isso, iremos mostrar, pela nossa visão, as coisas que se enquadram para a gente criar outros parâmetros e valorizar o que é importante para nós.


Outra prioridade estabelecida pelo planejamento foi consolidar a cooperação internacional, o que podemos esperar disso para 2020?


A cooperação internacional é um braço extremamente importante, sobretudo pelo contexto que vivemos hoje no Brasil de retrocesso dos direitos dos povos e comunidades tradicionais e de ataque às organizações sociais e de ensino. Então tentamos fortalecer a agenda internacional para dar visibilidade às lutas e as formas de organização do Brasil, mas também para fazer parcerias que levem à consolidação de práticas tradicionais aqui no território. Nesse sentido, temos o objetivo, em 2020, de construir o Fórum Internacional de Povos e Comunidades Tradicionais e tirar do papel a Universidade Livre e Cooperativa Internacional (LUCI).


Por fim, o Otss definiu como prioridade consolidar a gestão territorial integrada. Por quê?


A gestão territorializada é importante para integrar nossas ações no território e para que a gente consiga fortalecer e monitorar as agendas e as nossas ações. Isso faz com que a gente deixe de ver as coisas dentro de caixas separadas e passe a olhar para as sinergias entre elas desde o ponto de vista dos territórios. Precisamos sair das caixas para ver as conexões entre todas as coisas que a gente faz.


Equipe OTSS

Texto: Vanessa Cancian e Vinícius Carvalho/ Comunicação OTSS

Foto: Eduardo Napoli/ Comunicação OTSS

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