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Mulheres pescadoras de diferentes gerações falam da luta pela pesca artesanal em seus territórios



Luta: substantivo feminino que, mais do que evocar a ação do lutar, coloca em movimento indivíduos e coletividades. Palavra que evoca força e transformação e que tem nas mulheres seus principais vetores de mobilização, razão pela qual o Projeto Redes apresenta a série de podcasts "A Luta delas" com relatos de mulheres pescadoras que, em seus territórios, alicerçam a luta das comunidades em defesa da pesca artesanal no litoral sul do Rio de Janeiro e no litoral norte de São Paulo. Para acessar, clique aqui.


Abrindo a série, o primeiro episódio "Anzol, foice e caneta" traz o depoimento de Vania Guerra, liderança do Quilombo da Marambaia que não teme em afirmar que “a mulher na luta é a coisa mais linda de se ver. A gente vai à luta com machado, com foice, com facão, com lápis e caderno".


Ao longo do episódio, a Vânia nos conta sobre a participação das mulheres da Marambaia na maricultura e na luta pelo território e os desafios que a comunidade enfrenta para garantir os seus direitos. “A nossa luta deu resultado. As mulheres estavam à frente, indo à luta para garantir a permanência no território”, afirma.


O segundo episódio "A juventude caiçara tem um sonho" traz o relato de Cassiane Vitória, da Ilha Grande (Angra dos Reis - RJ). “O mar é meu”, sentencia a liderança criada e educada no mar. Muito atenta aos impactos que a pesca artesanal vem sofrendo, Cassiane alerta que tais impactos são sentidos desde a dificuldade em conseguir um seguro-defeso até a escassez do pescado. Diante de tais implicações, Cassiane alerta que a luta das comunidades caiçaras também se faz com a atuação da juventude em compreender que “a comunidade é a nossa casa” e que por ela se deve lutar.



No terceiro episódio da série "Um gasoduto no quintal", o Projeto Redes ouve a história de Katia Regina, moradora e pescadora na Ilha de Búzios (Ilhabela-SP). Ja imaginou ter um gasoduto passando no meio de uma comunidade? Katia relata como a extração de petróleo impacta diretamente a pesca artesanal na Ilha, torna escassa a pesca e gera um ambiente de medo sob a ameaça constante de se ter um vazamento no local.


Além dos problemas gerados pela exploração do petróleo na região, Katia reflete também sobre as dificuldades e proibições nas regulamentações da pesca. “Eles não podiam proibir, porque a pesca é de onde tiramos o sustento para nossa família”. Ao longo do episódio, Katia fala da família como o espaço núcleo para preservação e manutenção da tradição caiçara e de como a participação das mulheres é fundamental para que a cultura pesqueira se mantenha forte e ganhe lastro no tempo.



Já o último episódio desta primeira temporada, "A pesca artesanal precisa ser vista", traz no título a preocupação de Maria Germano. Criada no mar desde que nasceu, Maria ja viveu na cidade grande, mas gosta mesmo é de estar no mar ao lado do pai com quem aprende diferentes técnicas de pesca artesanal e com quem aprendeu a ler a natureza e perceber as mudanças que o crescimento demográfico, a exploração do petróleo e o turismo provocam. Preocupada com o futuro da cultura caiçara em Juqueí, Maria se apresenta como uma voz jovem que está aprendendo que é necessário lutar para que a tradição e os direitos dos pescadores artesanais possam ser assegurados e garantidos.

Projeto Redes


O Projeto Redes é fruto de uma parceria com a Fiotec/Fiocruz por meio do Observatório de Territórios Sustentáveis e Saudáveis da Bocaina (OTSS), do Fórum de Comunidades Tradicionais (FCT), da Universidade Federal Fluminense (UFF) e da Universidade Estadual Paulista (Unesp). Resultado de uma condicionante exigida à Petrobras pelo licenciamento ambiental federal, conduzido pelo Ibama, o Projeto Redes é uma política pública conquistada por comunidades tradicionais pesqueiras impactadas por empreendimentos de petróleo e gás natural no litoral norte de São Paulo e no litoral sul do Rio de Janeiro.



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