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Projeto Povos realiza primeira mobilização na região Norte de Ubatuba

A atividade ocorreu no dia 11 de junho no centro comunitário da Praia da Almada e marcou o início da maior iniciativa de cartografia social já realizada no município paulista.


Foi ao som da rabeca do fandangueiro Mário Gato e da poesia "Aves e Ervas" de Luís Perequê, declamada por Santiago Bernardes, que o Projeto Povos: Território, Identidade e Tradição desembarcou oficialmente em Ubatuba. A apresentação ocorreu no dia 11 de junho no centro comunitário da Praia da Almada e contou com a participação de lideranças de comunidades tradicionais da região norte de Ubatuba.


Cerca de 30 pessoas estiveram presentes, entre elas representantes das comunidades de Camburi, Picinguaba, Cabeçuda, Almada, Ubatumirim, praia da Justa, vila Barbosa, vila Gaivota e Cambucá. A reunião teve como objetivo apresentar o projeto, debater o contexto histórico, político e sociocultural do território e levantar diagnósticos da situação atual dessas localidades.


O Projeto Povos é uma iniciativa de cartografia social que visa mapear os territórios, identidades e tradições de 64 comunidades tradicionais indígenas, caiçaras e quilombolas de Angra dos Reis, Paraty e Ubatuba. Essa conquista é uma reivindicação histórica do FCT e se refere a uma medida de mitigação exigida da Petrobras pelo licenciamento ambiental federal, conduzido pelo Ibama. Quem executa é o Observatório de Territórios Sustentáveis e Saudáveis da Bocaina (OTSS), uma parceria de dez anos entre o Fórum de Comunidades Tradicionais de Angra dos Reis, Paraty e Ubatuba (FCT) e a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). Em Ubatuba, serão mapeadas 26 comunidades tradicionais.

As comunidades presentes puderam trocar sobre os desafios dos territórios tradicionais que dialogam nessa região.

"O planejamento com as lideranças comunitárias busca levantar os temas e conflitos prioritários para se construir e fortalecer uma metodologia abrangente com ampla participação popular para o desenvolvimento do projeto", conta Santiago Bernardes, mobilizador do FCT no município de Ubatuba e integrante da equipe do OTSS. Ele reforça que, diferente de estudos e projetos anteriores, o Projeto Povos é feito pelo FCT em conjunto com a Fiocruz, representando a junção dos saberes tradicionais e do conhecimento técnico que servirão como base para as autocartografias.


Santiago Bernardes e Carolina Barbosa, integrantes do FCT, iniciaram a atividade apresentando o Fórum de Comunidades Tradicionais (FCT) para, em seguida, apresentar o Projeto Povos. Também foram realizadas atividades de escuta das diferentes realidades que as comunidades enfrentam, mapeando, desde já, as fortalezas, oportunidades, fraquezas e ameaças de cada uma delas.


Protagonismo comunitário


Por meio de mapas, conversas, discussões, metodologias participativas e levantamento de dados, o Projeto Povos vai identificar a situação atual das comunidades em relação a temas como saúde, educação, saneamento, acesso à água, práticas culturais, festas populares, trabalho e renda, participação em conselhos, tamanho da população, situação fundiária do território e demais temas escolhidos livremente pelas comunidades. Os mapas serão construídos pelas próprias comunidades, que terão também autonomia para decidir quais informações se tornarão públicas.

As cartografias do Projeto Povos serão definidas por cada comunidade de acordo com suas necessidades.

"Quando eu soube que o FCT estaria tocando o Projeto Povos, fiquei muito feliz porque vejo que é mais uma ferramenta que poderemos utilizar como defesa do nosso território. É uma esperança que temos. A caracterização é algo muito importante. Sempre pensamos nisso, mas nunca soubemos como fazer um negócio desse e agora chegou o momento, a hora certa e está nas mãos das pessoas certas esse trabalho", diz Patrícia da Silva Santos, caiçara da comunidade da Picinguaba que participou do evento e está no processo de integração com o Fórum de Comunidades Tradicionais.


"Essa é nossa primeira reunião e eu vejo como uma oportunidade de nos resguardar enquanto movimento e mostrar que estamos em luta pelos nossos direitos", salienta Chico da Almada, caiçara pescador que integra o FCT em Ubatuba. O comunitário destaca que o Povos auxiliará no trato com imprevistos da exploração de petróleo, além de apontar tudo mais que há nas comunidades indígenas, quilombolas e caiçaras. "Para nós é uma segurança construir esses mapas, um respaldo contra tudo que nos ameaça", completa.


FCT fortalecido em Ubatuba


"Ampliar o FCT para Ubatuba é muito importante, porque o Fórum é uma ponte que aproxima as comunidades. E esse movimento leva informação, dialoga sobre as lutas, sobre os direitos, assim como as corridas de canoas. O FCT fala de todo o modo de vida dessas populações e as várias etnias se encontram e se fortalecem", ressalta Mário Gato, do Ubatumirim, que participa há anos do movimento em defesa da cultura caiçara em Ubatuba.


Essa aproximação, diz também Patrícia da Silva Santos, já está sendo sentida pela comunidade de Ubatuba: "A gente sempre ouvia falar da atuação do FCT na região de Paraty e agora essa aproximação com Ubatuba está nos trazendo grandes reflexões. Isso tem despertado em nós mais ainda o desejo de lutar pelo território, por aquilo tudo que não podemos perder".

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